quinta-feira, 7 de maio de 2009

monster love


Saudações.
Não estou com estro pra discorrer sobre muita coisa hoje.
O tempo também não permite.
Eis então um texto do meu querido amor e psicopompo..


Amor é idiossincrático. Como o ovo do conto “O ovo e a Galinha” de Clarice Lispector. Compreender o que seria o ovo, como a própria autora diz, é impossível. O afeto e as relações acarretadas a ele, portanto, são subliminares, abstratas e quaisquer adjetivos que indiquem relatividade.Entretanto padronizamos o amor. O amor é um produto. O afeto um acessório opcional.
Eu daria minha vida por ti. Nada mais belo que morrer-se pelo que ama. A vida, “a sombra que passa”, é nosso único vinculo com o campo terreno. Cortar esse cordão umbilical por uma pessoa é honrável. Mas fomos condicionados a pensar assim. O amor, ou aquele conjunto de sensações que assim denominamos, é tão louvável em Romeu e Julieta como nos pilotos de hijaking?
O sexo torna-nos animais. Feras Selvagens atrás do próximo coito. Nada como tornar nobre um sentimento que mascarasse a vontade do ser humano em atingir o orgasmo físico. Foi assim que recebemos de braços abertos idéias tolas como religião e amores platônicos. Ensinam-nos, por mídia erótica, literatura celebre ou romance de banca, telas de cinema que precisamos viver para achar a outra metade, o ser que complete o vazio no coração.
Mas o coração é apenas um órgão do sistema circulatório. Não passa de uma bomba de sangue. A sociedade despreza as relações abstratas por não atender o que se espera de um amor capitalista. O amor utópico assim como o socialismo não vingará no antro mercantil. Repuxar os vincos que a pele adquiriu ou gastar fortunas em carros esporte são o que acondicionaram-nos a pensar que levaria ao preenchimento do vazio humano. Entretanto é só a embalagem desse amor de prateleira.
As pessoas não aceitam o amor que não seja vitalício, heterossexual, monogâmico, entre indivíduos da mesma classe e da mesma idade. Exige-se o amor como uma tragédia Sheakesperiana. Quando na verdade o amor é tão simples, tão natural e tão despreocupado quanto um botão de rosa pronto pra desabrochar. Como no conto de Clarice: “Poucos querem o amor, de fato, porque o amor é a grande desilusão de tudo mais (que se foi estipulado)”.
Victor Hugo Silveira Simões.


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