
Saudações.
Post ao sr.Adultério.
Ilmo Senhor Adultério..rs,ok,j'arrête!
Vou tentar ser breve..
Quando dizem,quando tu dizes,enfim quando é dito: eu NÃO seria capaz de trair, tape os ouvidos,são palavras embalde.Pelas décimas sextas primaveras que eu já vivi(existi,pairei..),posso aferir que é da natureza do ser sapiens sapiens falar que jamais (jamé) trairia.o que não quer dizer nada,pois no fim acaba cedendo e traí.Mas bárbara,você não pode generalizar,afinal toda generalização é burra.ok. Não estou generalizando.Eu por exemplo não trairia.RS. Viu,é inerente..Tá,agora consideremos,a quantidade,o modo e a validade do amor..PAS SUFITTE.. (não adianta)
Carnal versus ‘Cardiona’l,rs. O carnal tende a prevalecer. sapiens sapiens é assim..
Ei,não estou falando isso porque fui traída.Não corro o risco,não namoro ninguém..
Fato,fatão mesmo,pode ser o maior amor do mundo,mas somos geridos pela nossa natureza,somos títeres dos nossos instintos. A beleza é subversiva,o proibido é subversivo,a tentação é subversiva,o sexo é subversivo.
Nem precisa ser o maior amor do mundo.
Tão óbvio.Se não tiver amor não adianta relutar,a traição virá ou já veio (vamos,cheque,passe a mão no quengo..)
As estórias que vi nessas últimas semanas me levam a crer assim : A dama das camélias,Madame Bovary,Primo Basílio,Moulin Rouge,Bonequinha de Luxo(ainda não o vi,porém tem o mesmo enredo e piriri..),Otelo.OK.
Tratam do adultério,do amor idealizado e suas provas(quase nunca concluídas),da luxúria onipresente,da 'devassidão',dos sonhos que todo ser humano tem: ser completado com um amor que inebria,faz tremer,dê friozinho na barriga,etc etc etc.
(o livro de Eça é basicamente o mesmo enredo,sendo que foi inspirado no livro do Flaubert,que foi o precursor da corrente literária e artística,do Realismo..sendo assim vou esmiuçar mais o livro do Flaubert..)Madame Bovary.
Ema Bovary,traí.Achava que nunca trairia,que continuaria na beatitude,que sequer casaria.Porém,é humana,mulher,sonhadora,queria inflar-se dos sentimentos mais puros e reverberantes..Casa-se com Carlos Bovary.Um casamento frustrado,a negação de tudo que ela havia imaginado na juventude. Carlos era um homem sereno, sem grandes arroubos de paixão, com um emprego estável, porém medíocre - um médico provinciano sem grandes ambições..
Enfim,ela não se sente amada o suficiente pra permanecer incólume às tentações carnais.Aparece Léon,o segundo que faz o coração de Ema palpitar(segundo contando com o dançarino):
"Não teriam eles outra coisa a dizer?Seus olhos,porém,transbordavam de palavras mais sérias;e ao passo que se esforçavam por achar frases banais,sentiam-se ambos invadidos pelo mesmo encantamento;era como um murmúrio da alma,profundo,contínuo,que dominava o das vozes.Surpresos e admirados por aquela nova suavidade,não pensavam em descrever a sensação ou descobrir-lhe a causa.As felicidades futuras,como as praias dos trópicos,projetam,na imensidade que as precede,as suas molezas nativas,brisas perfumadas;e nós nos entorpecemos na sua languidez,sem mesmo nos importarmos com o horizonte que não avistamos ainda.."
Eis a primeira traição.Léon a abandona.Os desejos de Ema de ser amada,desejada cessam? NÃO.
Traí novamente com Rodolfo..Por fim ele a abandona também..
(Homens não sedes frouxos!Não abandonem uma mulher quando ela mais necessita.Se não puder suprir todas as necessidades delas,ou no mínimo tentar,não encete a relação..)
Em Primo Basílio,em Madame Bovary os que mais sofrem no fim são os homens que foram traídos.Ironia?Fato?Fatão!Sofrem,pois amaram,tentaram ser suficientemente bons.Foram,eram o que tinha de mais certo e puro no mercado,mas a mulher não queria e nem quer isso.Ela quer o errado.O que não presta,o que a abandonará..por quê?Não só pelo INSTINTO,ou porquê o proibido é mais deleitoso..o estoicismo aparente de seus cônjuges foram o estopim para fomentar o desejo,a luxúria..
[o post já está deveras longo,vou dar meras pinceladas nas outras estórias..]
A dama das Camélias.Um livro riquíssimo.Pra quem se identifica, com amores impossíveis porém, impassíveis,não pode deixar de ler.Além do mais,é clássico e muitas histórias de hoje nela se baseiam..
A grande questão,assim como em Moulin Rouge, é : a prostituta,a cortesã amantizada, é capaz de AMAR?
Sim!Todos somos humanos.O amor é idiossincrático na nossa natureza.É o que nos difere dos platelmintos,nematelmintos,anelídeos,briófitas,pteridófitas,gimnospermas,angiospermas,celenterados,
poríferos,cnidários..ok,BASTA! O amor nos é inerente e independe de ofício,por menos escrupuloso que este seja.
Otelo,assim como Dom Casmurro,trata-se do ciúme nímio.
Amor e Ciúmes andam sempre juntos,não adianta..Quanto mais do primeiro tiver,o segundo tende a se equiparar quantativamente.As vezes nem tanto..No caso de Otelo,o segundo foi superior o que levou Otelo a matar Desdêmona.Na obra de Machado de Assis,que foi inspirada na obra de Shakespeare,Bentinho não chega a matar Capitu..
Toda mulher quer ser amada,desejada mais do que suficientemente.Não é só sexo.Não é só amor também..são muitos fatores que determinam uma relação extremamente equilibrada e verdadeira,tá é raro achar uma relação que seja assim.
Todavia, as mulheres adúlteras,não devem ser apedrejadas como em alguns países.Tá,pode ser considerado crime em alguns países,crime contra a Igreja,que seja.Mas como condenar algo que é da natureza do ser humano?
Afinal,até onde alguém deve se submeter ao detrimento do ensejo de felicidade pelo indiferente e insípido?
Enfim,eis as dicas..boa sorte pra você e pra mim (i'm a monster love,rs).
Segue um trecho bem oportuno de Madame Bovary..
“ Contudo não era feliz,nunca o havia sido.De onde vinha,pois,aquela insuficiência da vida,aquele apodrecimento instantâneo das coisas em que se apoiava?Mas se existia,fosse onde fosse,um belo e forte,uma natureza valorosa,cheia ao mesmo tempo de exaltação e de requintes,um coração de poeta com forma de anjo,lira com cordas de bronze,desferindo para o céu epitalâmios elegíacos por que acaso não o encontraria ela? Que impossibilidade! Nada,afinal,valia a pena procurar-se;tudo mentia!Cada sorriso ocultava um bocejo de enfado,cada alegria uma maldição ,todo prazer o seu desgosto,e os melhores de todos os beijos não deixavam nos lábios senão uma irrealizável ânsia de voluptuosidade mais intensas.”
Como dissera Flaubert em seu julgamento: Ema Bovary,c'est moi!
Au revoir.