Saudações,olhos sedentos,atentos,embalde:não verão portentos. rs,pas vrai..
Como vês estou com computador novamente,porém escreverei com menos freqüência,talvez uma ou duas vezes por semana..não posso despender horas na frente dessa tela maldita..
Feriado prolongado.Frio prolongado.Lucubração prolongada.Tudo isso na ilustríssima companhia de Visconti,Antonioni,Rosselini,Dash-tai-é-vis-ki,Saramago,etc etc.Pois bem,escusado seja.
Tudo começa na quarta,pós-aula,pós laboratório de química (a alcunha de Evo Morales ao meu querido professor, quase me rendeu uma advertência J,rs),necas de francês (sr.Zé-Maria foi pra Natal bem!),e me deparo com a pilha de filmes que meu querido Gustaf me emprestou..
Enceto então meu feriado de sofá,edredon e bolacha de água e sal (hamm,que delícia..¬¬) com um filme de Zurlini..
Escusado seja,não tinha nenhuma intenção de sair esse final de semana.Nem nesse nem nos próximos.Não quero mais sair,já falei?Pois é.A contragosto e com muitos sortilégios alguns conseguem essa proeza : me desvencilhar de meu edredom.Adoro frio,já falei?Tá que minha boca se duplica e eu fico parecendo o Coringa do Batman..Mas gosto oras.Ficar deitada,empacotada em duzentos edredons,com um chocolate quente ao lado,ou com alguém ao lado,ou as vezes com o pensamento nesse alguém que não ta do lado (tá,isso não é bem bom..).Enfim,j’aime le froid.Tá sentindo uma onda de sedentarismo da minha parte?rs.Pois é,essa semana corroborou minha mega-hiper-ultra vontade de ir a+a academia.Sério,muito chato.han.Tô muito velha pra essas coisas.Tô muito velha pra gente..
Pois vamos.Serei breve nas descrições dos filmes,escusado seja : não entendo muita coisa de cinemae não quero pagar mais ainda de pedante.
Quarta feira: Estate Violenta (verão violenta), de Valério Zurlini,um dos grandes
diretores do neo-realismo italiano.Há umas duas semanas que tinha lido no caderno 2 algo sobre Zurlini.Por via de regra,me apaixonei.Trabalhos de cunho existencialista,é,bem minha cara mesmo.Dentre outras características que o Google pode muito bem te auxiliar a descobrir.Pois bem,o filme é fantástico.Segundo Gustaf,tem a melhor cena numa estação de trem que ele já viu,escusado seja:ele já viu muito filme.Assim como "A Moça com a Valise", de 1961, e "A Primeira Noite de Tranqüilidade",de 1972, “Estate Violenta” tem como ponto de partida história sobre amor impossível entre adolescentes e adultos.Histórias que serviam de princípio para o cineasta extrair uma grandeza,típica de tragédias gregas,de um gênero melodramático e caracterizado por dramas ordinários,novelescos.Filme situado no calor e verão da Segunda Guerra Mundial,jovens ricos,elitistas e talvez por isso alheios a todo o furor bélico;passam os dias na praia,quando Carlos,jovem rico,educado,cortês,Jean Louis Trintignant,conhece Helena,Eleonora Rossi Drago,viúva,belíssima,encetam pois um grande romance.Enfim,escusado seja dizer que aos olhos da sociedade de antigamente,tanto como a de hoje,não veria com bons olhos essa relação.Onde o homem tem que ser mais velho etc etc etc.Passado todos os conflitos e o medo de um ficar com outro por conta dessas convenções sociais,ambos fogem,com a promessa de ficarem juntos pra sempre.Não vou contar como,faça o favor de não perder uma cena dessas,mas não ficam juntos.Eis o fim do amor idealizado.Fim?Ele promete voltar se conseguir.Mas ah,acho que ele não voltaria..Aproveite o ensejo e veja também a belíssima cena em que eles dançam ao som de Temptation.Uma cena realmente belíssima,porém um pouco curta (gostaria que durasse uns 329048 minutos),em que os olhos se encontram para corroborar o que as almas já tinham decidido : é amor.Amor?Paixão?Tanto fez..
Quinta feira: acordada inconvenientemente cedo por algum energúmeno(feriado com meus dois irmãos e meu pai em casa,eba.Cara,eu não entendo como conseguem fazer tanto barulho assim!é impossível ler,dormir,aaaaaaah!..), passo grande parte da quinta feira lendo O cortiço,um livro deveras diver,rs,mas não vou falar muito sobre não.Alors,j’ai vu Kramer vs.Kramer.Orra,muito legal o filme.Muito fofo,mimimi.Ganhou diversos Oscars (Óscares?) merecidamente.Atuações belíssimas,com Dustin Hoffman que magistralmente atuou no papel de ‘pai de repente’,Meryl Streep (escusado dizer: adoro essa atriz), que mesmo não tendo muito tempo em cena comparada com os outros dois,recebeu apropriadamente o Oscar de melhor atriz coadjuvante;o poder com que ela consegue demonstrar a emoção,a falta,enfim tudo que ela sentia é realmente incrível,merece destaque.E tem também o pequeno Justin Henry,que surpreendeu,fazendo jus à plêiade que exibe esse belíssimo filme.A trama desenvolve-se no detrimento de família por trabalho.Ted Kramer (D.Hoffman)dá mais atenção ao trabalho do que a família,Joana (M.Streep) cansada dessa relação sai de casa,abandona o filho e o marido.Agora pai e filho que não tinham muito contato,aprenderão a conviver sem a mãe,a esposa que era a ‘alma’,o baluarte daquela casa.Enfim,Joana aparece do nada requisitando a guarda da criança,então Ted e ela vão ao tribunal (minha cena preferida).Dá-se a guarda à mãe,porém não é ela quem ficará com a criança,veja o filme e deleite-se com a atuação final de Meryl Streep.Enfim,é um filme com cenas maravilhosas,com forte apelo psicológico que nos leva a repensar nossas relações familiares,que muitas vezes são negligenciadas por nós mesmos.A inconsistência do dia-a-dia,a rotina,o estresse,a falta de tempo contribuem para tal,mas escusado seja,assim não seria se as os membros da família,não se permitissem corromper por tais fatores fazendo assim com que se rompa os laços quase definitivamente..Um dos maiores dramas familiares,imperdível.
Quinta feira:acabado o cortiço,começo com Noites Brancas do grandessíssimo Dash-tai-é-viski.Orra,um livro delicioso.Não despende de muito tempo pra ler e ah,você não consegue parar de ler.É muito-uito-uito bom.Mais ou menos assim,um cara que não tem amigos,não tem fortes laços com ninguém,vive só na São Petesburgo,vagueia só,anda só,enfim : completamente só.Uma moça que cuida da avó cega,conhece um outro cara,bem apessoado, e que viaja à trabalho mas promete voltar daqui um ano pra casar com ela.Numa noite,o sonhador(não tem nome fixo no livro,só é conhecido como sonhador..) numa de suas andanças sem motivo encontra Nastenka apavorada.Ele a segue,tenta descubrir por quê ela corre e está daquele jeito,ela o admoesta mas por fim ambos viram grandes amigos.O sonhador conta como tem vivido,ela também o confia sua vida e sua paixão prometida pelo carinha que viajou,e entrementes o sonhador se apaixona por ela loucamente.Mas prefere conter seus anseios,tendo em vista que nunca conseguiria o amor dela,já que ela só fala do outro pra ele e antes de eles se tornarem amigos,ele tinha que prometer não se apaixonar..Enfim,conversa vai conversa vem,ela à espera do outro,ele à espera que o outro não viesse para que pudesse enfim consolidar o seu amor..acaba por o viajante ficando com ela e o outro desolado..é escusado dizer que me identifico?Pois é..Enfim,o livro é muito prazeroso.A incessante busca do sonhador para que seja correspondido com alguma centelha do amor de Nastenka..amor impossível,idealizado,inatingível..alguma vez você já passou por isso,ou vai passar,é uma dessas garantias que você pode requisitar da vida mas nem sempre protelar..Enfim.Tendo lido,fui ver ao filme.Adaptação de Luchino Visconti e de Suso Cecchi D’Amico,que representa marco fundamental na carreira do mestre italiano..O.K. Um filme muito aclamado etc etc etc mas que não me apraz assaz.Talvez eu tenha que ver mais algumas vezes e verei,mas ah..esperava mais,sei lá.Gostei mais do livro..Enfim há de se destacar o aspecto onírico,denso,que com a maestria de Visconti foi produzida.É um aspecto que consegue materializar o espírito dos personagens: almas solitárias que precisam abraçar com força seus sonhos aos quais a dolorosa força da realidade torna-se empecilho.As lágrimas do grandíssimo,e lindo, Mastroianni são lágrimas que trazem a tona o peso da realidade,da impossibilidade de se conseguir o amor que se quer. se se se se se a realidade não fosse mais forte que qualquer sonho..Enfim,Marcello Mastroianni e Visconti se tornaram imortais pelo talento artístico,dentre outras qualidades que já tornam esse filme imperdível..(mesmo sendo chato,rs..)
Nesta quinta também assisti ‘La notte’, A noite,filme de mais um dos maiores e melhores diretores do neo-realismo italiano : Michelangelo Antonioni.Conta com a belíssima atuação de Marcello Mastroianni e de Jeanne Moreau.Ganhou diversos prêmios,como o urso de ouro(urso de ouro,leão de ouro,vaca de ouro,outro dia eu discuto qual a diferença e o critério de cada um,rs..),o prêmios Jussis dentre outros.O filme é um da trilogia da incomunicabilidade criada por Antonioni.Não se tem trilha sonora (óbvio?óbvio nada,eu fiquei super triste que não tinha,aí só depois eu fui descubrir porquê,han..).A trama dessa trilogia baseia se no tédio e solidão proporcionado pela vida moderna das grandes cidades,obtendo-se então a incomunicabilidade,o distanciamento,relações parcas..(possível lançar um parâmetro em kramer vs. kramer..)
O filme se desenvolve durante um dia e uma longa noite na vida de um casal que tem a relaçao comprometida pela falta de comunicação..Enfim,ótimo filme pra quem tem paciência com filmes parados,densos etc etc etc.Por fim,sentados num local isolado, ela lhe confessa que gostaria de ser velha para ter dedicado a ele toda sua vida. Continua dizendo que, ao verificar quanto ele se entediava quando se achavam juntos, sentiu que não podia continuar a amá-lo, razão pela qual, seu maior desejo era o de morrer naquela noite. .Ele afirma que continua a jogar fora sua vida como um idiota, tirando dos outros sem dar, ou sem dar o bastante. Dizendo-lhe que a ama muito, ele a beija ardentemente. Ela tenta resistir, alegando que não mais o ama, mas ele persiste num interminável beijo..
Sexta feira: Mesmo ritual..entre edredons,clubes-sociais e bolachas de água e sal meu dia se vai.Diferentemente,nessa sexta,meu irmão com ameaça de morte,rs,consegue me tirar de casa por umas 2 horas de conciliábulos familiares parcos..Sexta assisti a ‘Quem tem medo de Virgínia Woolf’.É,eu também achava que o filme tinha alguma coisa com a Virgínia..Não tem nada a ver,rs.Essa é uma daquelas estratégias,pra vender um filme que não tem uma história muito atraente e que graças ao título poderá então angariar a atenção de cinéfilos curiosos..como eu,rere.O filme é bem diver sabe?Despende de muita atenção,e se você parar um minutinho você não vai entender mais o porquê das brigas e que rumo toma o filme..Um casal após receber a visita de um professor e sua esposa,vê a reunião em que todos se encontram tomar rumos inesperados..Conta com um elenco fantástico : Elizabeth Taylor e Richard Burton,George Segal e Sandy Dennis.O filme recebeu 5 Oscars..etc etc etc.
Sábado: Morte em Veneza,esse sim foi meu preferido do feriado.Filme baseado na obra de Thomas Mann.Um compositor que passa as férias em Veneza vive uma grande e secreta paixão que acabara por destruí-lo..Os jogos de câmera,a fotografia,o cenário,os detalhes,tudo magistralmente dirigido por Luchino Visconti,traz um filme simplesmente perfeito.Não é só uma história de amor de teor homossexual como pregam as línguas insapientes..é muito mais que isso.. No início o protagonista tenta enganar-se acerca de seus sentimentos,porém desenvolve um amor platônico e obsessivo pela beleza de Tadzio (lembraste de Dorian Gray também?).Gustaf se amargura cada vez mais vendo que esse paixão é impossível,cria então um pretexto pra abandonar Veneza,mas acaba permanecendo em Veneza,onde tem a oportunidade de contemplar a beleza de Tadzio.Estranho é que o garoto e o protagonista não trocam sequer uma palavra,mas que não muda nada,o amor de Gustaf cresce ainda mais..Enfim,Gustaf morre,dando a maior prova de amor possível,sacrificar-se por alguém que tinha a certeza de jamais poder conquistar (oi)..é pois,um verdadeiro hino ao amor,representado de uma maneira genial e lírica..excelente.
Orra,não consegui abdicar totalmente de minha vida social,rs.Acabei saindo sábado,não mais porque eu o queria,nem menos porque não queria..Acabei saindo.Lógicamente me arrependi.Enfim..vou continuar a leitura portentosa de Saramago e etc etc etc.
A revedette.. (é assim que se escreve?)
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